quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
American Release
Last week the American Release for TokyoShow took place at Downtown Theatre in Atlanta where people could watch it for free. Brazilian Release is coming soon.
statement
[TokyoShow] “A BUSCA DO AMOR”
“Baudrillard argumenta que há três níveis na simulação, onde o primeiro nível é uma óbvia cópia da realidade e o segundo nível uma cópia tão boa que suspende as fronteiras entre realidade e representação. O terceiro nível é a da produção da realidade sem se basear em qualquer elemento do mundo real. O melhor exemplo é provavelmente a ‘realidade virtual’ onde um mundo é gerado por meio de linguagens ou códigos.”[1]
Ilusão de aparência
Cenário, atuação, representação, simulação, ficção e boato. Estas palavras parecem ter um significado mais profundo nos dias de hoje onde “ser observado” tornou-se um tipo de cultura. Diariamente recebemos milhares de boatos de internet através de e-mails e isso faz parte do cotidiano de muitas pessoas.
O filme parece estar apoiado em algo real, mas na verdade, tudo remete a si mesmo. A novela “A caça do Samurai” não existe, foi implantada na sinopse simulando algum possível referencial através de outro personagem do projeto: Stuart Dogson Foster. A mistura de atores profissionais com pessoas de outras áreas atuando no mesmo filme reforça este aspecto de simulação conceituado por Jean Baudrillard; “cópias de cópias que se refletem mutuamente. A fotografia não consegue mais capturar o real a partir do momento em que a pessoa sabe que ali está a câmera, e posa para ela, simulando personas ou atitudes. Quem representa o quê?”.
O cinema, uma arte totalmente fragmentada, permite começar o trabalho a partir de qualquer ponto. O começo, meio e fim de uma história são definidos na edição, mesmo que o roteiro seja seguido pontualmente, por diversos motivos; desde o custo diário de uma produção até agendas de atores que nem sempre coincidem.
Isto posto, o cartaz do filme foi projetado antes dos personagens que foram montados antes do roteiro e da sinopse. O filme foi elaborado de trás pra frente. A trama de fato, não existe; ela se completa na mente do observador que inevitavelmente vai construir sua própria versão do filme com as pistas que este trabalho oferece através do trailer, sinopse, fotos e making of encontrados no site http://www.tokyoshow.org/ .
Para a construção de um “filme que não existe”, foi fundamental a utilização de clichês como artifício para a representação do “real”, desde o texto até lugares onde algumas cenas foram gravadas como Shanghai e Hong Kong, que acabaram sendo incorporados como áreas de Tóquio, mesmo sendo totalmente diferentes de qualquer lugar no Japão. Em praticamente todas as sinopses de filmes americanos foram encontradas expressões como “em busca pelo amor”, “contagiante”, “emocionante” ou ainda “surpreendente”. Estas palavras são recorrentes nestes textos. A sinopse foi escrita inicialmente em inglês para servir como suporte de uma versão em português posteriormente. Este trabalho traz uma questão conhecida como “Efeito Rashomon” – versões dos fatos seja ele real ou não. A tradução de “TokyoShow” em português, segundo este trabalho, ficou: “A Busca do Amor”.
Todos os personagens do filme são fumantes, uma atitude praticamente ficcional nos dias de hoje, dado que fumar é proibido em muitos locais. A única personagem não fumante é Meredith Bergmann que representa sua própria pessoa na trama. O filme (um curta se passando por um trailer de um longa-metragem) de cinco minutos contrapõe os trailers que nunca passam de três minutos.
“Evidentemente, a partir do momento onde o estúdio torna-se a central revolucionária e a tela o único lugar de aparição, todo mundo acorre ao estúdio para figurar a todo custo na tela, ou ainda, se reagrupa de preferência na rua sob a mira das câmeras, que, aliás, filmam-se umas as outras. A rua inteira torna-se um prolongamento do estúdio, isto é, um prolongamento do não-lugar do acontecimento, do lugar virtual do acontecimento. A rua torna-se também um espaço virtual.”[2]
O uso de perucas segue uma antiga tradição japonesa de teatro Kabuki e Nô para descrever a relação de mudança de identidade da protagonista; este costume é amplamente vivenciado nas ruas de Harajuku, em Tóquio, onde jovens se travestem nos banheiros públicos para se inserirem em determinados grupos, assumindo inclusive, uma nova identidade, assim como Barbra Scott (Alessandra Negrini).
Vale lembrar que no Japão este costume está diretamente ligado à representação máxima do high fashion. Seu uso intencional no filme, especificado na sinopse, levanta também uma questão sobre a cultura da celebridade instantânea tão presente atualmente. Uma pessoa pode se tornar uma celebridade por qualquer motivo, inclusive por vestir uma peruca azul.
Estes elementos nos dizem o tempo todo “este filme não existe da maneira que se apresenta”, mesmo assim acreditamos nele, pois traz atores profissionais atuando no projeto. O trabalho está registrado no Creative Commons com copyright aberto e pode ser veiculado livremente por qualquer pessoa. Este assunto é inevitável quando se fala em apropriação de imagens, músicas ou informações. "Esta obra foi concebida para ser apropriada e jamais poderá ser vendida: é uma obra pública".
Gustavo von Ha
[1] LANE, Richard. Jean Baudrillard. London: Routledge, 2.000, p. 30.
[2] Idem, Ibid., p.148-9.
domingo, 15 de maio de 2011
Projeto TokyoShow - curiosidades
O filme é um curta-metragem que se apresenta como um trailer de um longa-metragem. Esta obra foi desenvolvida inicialmente para ser apresentada exclusivamente na internet e posteriormente terá inserção em algumas salas de cinema específicas.
O trabalho traz questões sobre propriedade intelectual e boatos (hoax). O Filme está registrado no Creative Commons com copyright aberto: qualquer pessoa pode apresentar, compartilhar, usar esta obra desde que não seja para fins comerciais e que seja dado o crédito de autor.
"Este trabalho foi concebido para ser apropriado", define Von Ha.
Partindo de um conceito de "Improvisação", muito comum no cinema a partir dos anos 60, o filme foi criado em uma ordem não cronológica; primeiro foi desenvolvido o cartaz, depois a trilha, sinopse, personagens e por último o roteiro.
Duas cenas foram gravadas na China no início de 2011; a primeira cena foi gravada em Xangai e mostra uma vista com a torre e a cidade com uma luz azulada e a outra com a sirene foi gravada em Hong Kong. Estas informações trazem mais uma camada de significados e uma pista sobre informações falsas levantadas pelo autor o tempo todo em suas obras.
referência:
Muitas cenas famosas de filmes atuais foram construídas com a improvisação como por exemplo:
No filme Being John Malkovich - O homem jogar a lata e dizer “Pense rápido” não constava no roteiro.
Em Caddyshack – A frase “It’s in the Hole” foi improvisada por Bill Murray.
40 year old virgin – A cena inteira foi improvisada. Nos extras do filme foi inserido o improviso completo que se extende por 6 minutos.
Em Good will hunting – quase tudo foi improvisado. The dark knight - A parada da explosão constava no roteiro, mas as atuação de Heath Ledger foi toda improvisada.
Aliens – O tal “Game over man” não constava no roteiro.
Tootsie – Nesta cena, Bill Murray teve que fazer parecer que ele estava falando sem parar durante toda a festa. Sua fala foi totalmente improvisada.
The usual suspects – As reações para “Give me the fucking keys” foi improvisada pelos cinco atores.
The Warriors – “Warriors come out to play!” não constava no roteiro.
The Godfather – “Leave the gun” estava escrito, mas, “take the cannoli” não.
Dr. Strangelove - A frase “Mein Führer! I can walk!” e ação do personagem não estavam escritas.
Saving private Ryan – Matt Damon tirou toda a história de improviso. Pra ninguém menos que Tom Hanks.
Jaws – A fala “You’re gonna need a bigger boat” não estava no roteiro.
Star wars Episode V – A fala “I know” não estava no roteiro.
Reservoir dogs - Michael Madisen não foi instruído ao que fazer com a orelha. Todos os movimentos e diálogos foram improvisados.
Casablanca – A fala “Here’s looking at you, kid” não constava no roteiro.
Annie Hall – O tão famoso espirro, na verdade, não estava escrito. O corte foi imediato porque os atores não conseguiam parar de rir.
The shinning - “Here’s Johnny!” foi um improvido de Jack Nicholson, referenciando o comediante Johnny Carson no programa “The tonight show”.
Blade runner - A fala “Like tears in the rain” não constava no roteiro.
Midnight cowboy – O táxi que quase atropela os atores era de verdade. Tratava-se de um taxista real de Nova York que não percebeu que aquilo era uma filmagem. Dustin Hoffman improvisou muito bem batendo no carro, gritando e discutindo com o taxista sem interromper a cena.
A Clockwork Orange - Stanley Kubrick estava insatisfeito com o roteiro da cena. Assim que Malcolm McDowell começou a cantar “Singing in the rain” sem avisar, Kubrick começou a improvisar sobre a música imediatamente.
Taxi driver – Robert De Niro foi instruído apenas para falar para o espelho, mas a fala “You talkin’ to me?” foi no improviso.
Silence of the lambs - Um dos sons mais emblemáticos do filme foi improvisado por Sir. Anthony Hopkins.
Full Metal Jacket - R. Lee Ermey improvisou todo o diálogo da cena.
O trabalho traz questões sobre propriedade intelectual e boatos (hoax). O Filme está registrado no Creative Commons com copyright aberto: qualquer pessoa pode apresentar, compartilhar, usar esta obra desde que não seja para fins comerciais e que seja dado o crédito de autor.
"Este trabalho foi concebido para ser apropriado", define Von Ha.
Partindo de um conceito de "Improvisação", muito comum no cinema a partir dos anos 60, o filme foi criado em uma ordem não cronológica; primeiro foi desenvolvido o cartaz, depois a trilha, sinopse, personagens e por último o roteiro.
Duas cenas foram gravadas na China no início de 2011; a primeira cena foi gravada em Xangai e mostra uma vista com a torre e a cidade com uma luz azulada e a outra com a sirene foi gravada em Hong Kong. Estas informações trazem mais uma camada de significados e uma pista sobre informações falsas levantadas pelo autor o tempo todo em suas obras.
referência:
Muitas cenas famosas de filmes atuais foram construídas com a improvisação como por exemplo:
No filme Being John Malkovich - O homem jogar a lata e dizer “Pense rápido” não constava no roteiro.
Em Caddyshack – A frase “It’s in the Hole” foi improvisada por Bill Murray.
40 year old virgin – A cena inteira foi improvisada. Nos extras do filme foi inserido o improviso completo que se extende por 6 minutos.
Em Good will hunting – quase tudo foi improvisado. The dark knight - A parada da explosão constava no roteiro, mas as atuação de Heath Ledger foi toda improvisada.
Aliens – O tal “Game over man” não constava no roteiro.
Tootsie – Nesta cena, Bill Murray teve que fazer parecer que ele estava falando sem parar durante toda a festa. Sua fala foi totalmente improvisada.
The usual suspects – As reações para “Give me the fucking keys” foi improvisada pelos cinco atores.
The Warriors – “Warriors come out to play!” não constava no roteiro.
The Godfather – “Leave the gun” estava escrito, mas, “take the cannoli” não.
Dr. Strangelove - A frase “Mein Führer! I can walk!” e ação do personagem não estavam escritas.
Saving private Ryan – Matt Damon tirou toda a história de improviso. Pra ninguém menos que Tom Hanks.
Jaws – A fala “You’re gonna need a bigger boat” não estava no roteiro.
Star wars Episode V – A fala “I know” não estava no roteiro.
Reservoir dogs - Michael Madisen não foi instruído ao que fazer com a orelha. Todos os movimentos e diálogos foram improvisados.
Casablanca – A fala “Here’s looking at you, kid” não constava no roteiro.
Annie Hall – O tão famoso espirro, na verdade, não estava escrito. O corte foi imediato porque os atores não conseguiam parar de rir.
The shinning - “Here’s Johnny!” foi um improvido de Jack Nicholson, referenciando o comediante Johnny Carson no programa “The tonight show”.
Blade runner - A fala “Like tears in the rain” não constava no roteiro.
Midnight cowboy – O táxi que quase atropela os atores era de verdade. Tratava-se de um taxista real de Nova York que não percebeu que aquilo era uma filmagem. Dustin Hoffman improvisou muito bem batendo no carro, gritando e discutindo com o taxista sem interromper a cena.
A Clockwork Orange - Stanley Kubrick estava insatisfeito com o roteiro da cena. Assim que Malcolm McDowell começou a cantar “Singing in the rain” sem avisar, Kubrick começou a improvisar sobre a música imediatamente.
Taxi driver – Robert De Niro foi instruído apenas para falar para o espelho, mas a fala “You talkin’ to me?” foi no improviso.
Silence of the lambs - Um dos sons mais emblemáticos do filme foi improvisado por Sir. Anthony Hopkins.
Full Metal Jacket - R. Lee Ermey improvisou todo o diálogo da cena.
"On Rigor in Science" - Heist Films
"On Exactitude in Science" or "Del rigor en la ciencia" (the original title) as mentioned here before is a good tip to understand Ron Foster concept during his interview.
author statement
[TokyoShow] “A BUSCA DO AMOR”
“Baudrillard argumenta que há três níveis na simulação, onde o primeiro nível é uma óbvia cópia da realidade e o segundo nível uma cópia tão boa que suspende as fronteiras entre realidade e representação. O terceiro nível é a da produção da realidade sem se basear em qualquer elemento do mundo real. O melhor exemplo é provavelmente a ‘realidade virtual’ onde um mundo é gerado por meio de linguagens ou códigos.”[1]
Ilusão de aparência
Cenário, atuação, representação, simulação, ficção e boato. Estas palavras parecem ter um significado mais profundo nos dias de hoje onde “ser observado” tornou-se um tipo de cultura. Diariamente recebemos milhares de boatos de internet através de e-mails e isso faz parte do cotidiano de muitas pessoas.
O filme parece estar apoiado em algo real, mas na verdade, tudo remete a si mesmo. A novela “A caça do Samurai” não existe, foi implantada na sinopse simulando algum possível referencial através de outro personagem do projeto: Stuart Dogson Foster. A mistura de atores profissionais com pessoas de outras áreas atuando no mesmo filme reforça este aspecto de simulação conceituado por Jean Baudrillard; “cópias de cópias que se refletem mutuamente. A fotografia não consegue mais capturar o real a partir do momento em que a pessoa sabe que ali está a câmera, e posa para ela, simulando personas ou atitudes. Quem representa o quê?”.
O cinema, uma arte totalmente fragmentada, permite começar o trabalho a partir de qualquer ponto. O começo, meio e fim de uma história são definidos na edição, mesmo que o roteiro seja seguido pontualmente, por diversos motivos; desde o custo diário de uma produção até agendas de atores que nem sempre coincidem.
Isto posto, o cartaz do filme foi projetado antes dos personagens que foram montados antes do roteiro e da sinopse. O filme foi elaborado de trás pra frente. A trama de fato, não existe; ela se completa na mente do observador que inevitavelmente vai construir sua própria versão do filme com as pistas que este trabalho oferece através do trailer, sinopse, fotos e making of encontrados no site www.tokyoshow.org .
Para a construção de um “filme que não existe”, foi fundamental a utilização de clichês como artifício para a representação do “real”, desde o texto até lugares onde algumas cenas foram gravadas como Shanghai e Hong Kong, que acabaram sendo incorporados como áreas de Tóquio, mesmo sendo totalmente diferentes de qualquer lugar no Japão. Em praticamente todas as sinopses de filmes americanos foram encontradas expressões como “em busca pelo amor”, “contagiante”, “emocionante” ou ainda “surpreendente”. Estas palavras são recorrentes nestes textos. A sinopse foi escrita inicialmente em inglês para servir como suporte de uma versão em português posteriormente. Este trabalho traz uma questão conhecida como “Efeito Rashomon” – versões dos fatos seja ele real ou não. A tradução de “TokyoShow” em português, segundo este trabalho, ficou: “A Busca do Amor”.
Todos os personagens do filme são fumantes, uma atitude praticamente ficcional nos dias de hoje, dado que fumar é proibido em muitos locais. A única personagem não fumante é Meredith Bergmann que representa sua própria pessoa na trama. O filme (um curta se passando por um trailer de um longa-metragem) de cinco minutos contrapõe os trailers que nunca passam de três minutos.
“Evidentemente, a partir do momento onde o estúdio torna-se a central revolucionária e a tela o único lugar de aparição, todo mundo acorre ao estúdio para figurar a todo custo na tela, ou ainda, se reagrupa de preferência na rua sob a mira das câmeras, que, aliás, filmam-se umas as outras. A rua inteira torna-se um prolongamento do estúdio, isto é, um prolongamento do não-lugar do acontecimento, do lugar virtual do acontecimento. A rua torna-se também um espaço virtual.”[2]
O uso de perucas segue uma antiga tradição japonesa de teatro Kabuki e Nô para descrever a relação de mudança de identidade da protagonista; este costume é amplamente vivenciado nas ruas de Harajuku, em Tóquio, onde jovens se travestem nos banheiros públicos para se inserirem em determinados grupos, assumindo inclusive, uma nova identidade, assim como Barbra Scott (Alessandra Negrini).
Vale lembrar que no Japão este costume está diretamente ligado à representação máxima do high fashion. Seu uso intencional no filme, especificado na sinopse, levanta também uma questão sobre a cultura da celebridade instantânea tão presente atualmente. Uma pessoa pode se tornar uma celebridade por qualquer motivo, inclusive por vestir uma peruca azul.
Estes elementos nos dizem o tempo todo “este filme não existe da maneira que se apresenta”, mesmo assim acreditamos nele, pois traz atores profissionais atuando no projeto. O trabalho está registrado no Creative Commons com copyright aberto e pode ser veiculado livremente por qualquer pessoa. Este assunto é inevitável quando se fala em apropriação de imagens, músicas ou informações. "Esta obra foi concebida para ser apropriada e jamais poderá ser vendida: é uma obra pública".
Gustavo von Ha
[1] LANE, Richard. Jean Baudrillard. London: Routledge, 2.000, p. 30.
[2] Idem, Ibid., p.148-9.
author statement
[TokyoShow] “A BUSCA DO AMOR”
“Baudrillard argumenta que há três níveis na simulação, onde o primeiro nível é uma óbvia cópia da realidade e o segundo nível uma cópia tão boa que suspende as fronteiras entre realidade e representação. O terceiro nível é a da produção da realidade sem se basear em qualquer elemento do mundo real. O melhor exemplo é provavelmente a ‘realidade virtual’ onde um mundo é gerado por meio de linguagens ou códigos.”[1]
Ilusão de aparência
Cenário, atuação, representação, simulação, ficção e boato. Estas palavras parecem ter um significado mais profundo nos dias de hoje onde “ser observado” tornou-se um tipo de cultura. Diariamente recebemos milhares de boatos de internet através de e-mails e isso faz parte do cotidiano de muitas pessoas.
O filme parece estar apoiado em algo real, mas na verdade, tudo remete a si mesmo. A novela “A caça do Samurai” não existe, foi implantada na sinopse simulando algum possível referencial através de outro personagem do projeto: Stuart Dogson Foster. A mistura de atores profissionais com pessoas de outras áreas atuando no mesmo filme reforça este aspecto de simulação conceituado por Jean Baudrillard; “cópias de cópias que se refletem mutuamente. A fotografia não consegue mais capturar o real a partir do momento em que a pessoa sabe que ali está a câmera, e posa para ela, simulando personas ou atitudes. Quem representa o quê?”.
O cinema, uma arte totalmente fragmentada, permite começar o trabalho a partir de qualquer ponto. O começo, meio e fim de uma história são definidos na edição, mesmo que o roteiro seja seguido pontualmente, por diversos motivos; desde o custo diário de uma produção até agendas de atores que nem sempre coincidem.
Isto posto, o cartaz do filme foi projetado antes dos personagens que foram montados antes do roteiro e da sinopse. O filme foi elaborado de trás pra frente. A trama de fato, não existe; ela se completa na mente do observador que inevitavelmente vai construir sua própria versão do filme com as pistas que este trabalho oferece através do trailer, sinopse, fotos e making of encontrados no site www.tokyoshow.org .
Para a construção de um “filme que não existe”, foi fundamental a utilização de clichês como artifício para a representação do “real”, desde o texto até lugares onde algumas cenas foram gravadas como Shanghai e Hong Kong, que acabaram sendo incorporados como áreas de Tóquio, mesmo sendo totalmente diferentes de qualquer lugar no Japão. Em praticamente todas as sinopses de filmes americanos foram encontradas expressões como “em busca pelo amor”, “contagiante”, “emocionante” ou ainda “surpreendente”. Estas palavras são recorrentes nestes textos. A sinopse foi escrita inicialmente em inglês para servir como suporte de uma versão em português posteriormente. Este trabalho traz uma questão conhecida como “Efeito Rashomon” – versões dos fatos seja ele real ou não. A tradução de “TokyoShow” em português, segundo este trabalho, ficou: “A Busca do Amor”.
Todos os personagens do filme são fumantes, uma atitude praticamente ficcional nos dias de hoje, dado que fumar é proibido em muitos locais. A única personagem não fumante é Meredith Bergmann que representa sua própria pessoa na trama. O filme (um curta se passando por um trailer de um longa-metragem) de cinco minutos contrapõe os trailers que nunca passam de três minutos.
“Evidentemente, a partir do momento onde o estúdio torna-se a central revolucionária e a tela o único lugar de aparição, todo mundo acorre ao estúdio para figurar a todo custo na tela, ou ainda, se reagrupa de preferência na rua sob a mira das câmeras, que, aliás, filmam-se umas as outras. A rua inteira torna-se um prolongamento do estúdio, isto é, um prolongamento do não-lugar do acontecimento, do lugar virtual do acontecimento. A rua torna-se também um espaço virtual.”[2]
O uso de perucas segue uma antiga tradição japonesa de teatro Kabuki e Nô para descrever a relação de mudança de identidade da protagonista; este costume é amplamente vivenciado nas ruas de Harajuku, em Tóquio, onde jovens se travestem nos banheiros públicos para se inserirem em determinados grupos, assumindo inclusive, uma nova identidade, assim como Barbra Scott (Alessandra Negrini).
Vale lembrar que no Japão este costume está diretamente ligado à representação máxima do high fashion. Seu uso intencional no filme, especificado na sinopse, levanta também uma questão sobre a cultura da celebridade instantânea tão presente atualmente. Uma pessoa pode se tornar uma celebridade por qualquer motivo, inclusive por vestir uma peruca azul.
Estes elementos nos dizem o tempo todo “este filme não existe da maneira que se apresenta”, mesmo assim acreditamos nele, pois traz atores profissionais atuando no projeto. O trabalho está registrado no Creative Commons com copyright aberto e pode ser veiculado livremente por qualquer pessoa. Este assunto é inevitável quando se fala em apropriação de imagens, músicas ou informações. "Esta obra foi concebida para ser apropriada e jamais poderá ser vendida: é uma obra pública".
Gustavo von Ha
[1] LANE, Richard. Jean Baudrillard. London: Routledge, 2.000, p. 30.
[2] Idem, Ibid., p.148-9.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Shooting in Tokyo & Double Crossing Show

Tokyo in the Morning by S. Sawada (cc) creative commons
A exposição individual "Double Crossing" vai até fim de março. Ao mesmo tempo continuamos as filmagens para Tokyo-Show em alguns pontos da cidade. O frio é intenso.
Daqui seguiremos para a China, onde algumas cenas também serão gravadas. Esta mistura de locações no Oriente traz mais uma camada de ilusão ao observador. O trabalho, de certa forma, nos diz o tempo todo "este filme não existe". O filme que se passará em Tóquio terá duas cenas na China: uma em Shanghai e outra em Hong Kong.
O "making of" também está sendo gravado paralelamente, documentando toda a produção deste trabalho, que apesar de ser um "curta", esta levando anos para ser concluído.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Nicarágua invade Costa Rica e culpa Google Maps
Segundo diversas agencias de notícias internacionais, um erro nos mapas do Google Maps pode ser o responsável pelo recente conflito entre os governos da Costa Rica e Nicarágua.
Nas imagens do Google, o território nicaraguense se estende até as margens de um rio, enquanto os mapas oficiais dizem que a Costa Rica tem soberania nas duas margens do rio.
Em resposta ao ocorrido, o Google declarou em seu blog para a América Latina que "existe uma inexatidão na demarcação da fronteira entre Costa Rica e Nicarágua e está trabalhando para atualizar a informação" o quanto antes.
Daniel Helft, diretor de comunicação, políticas e assuntos públicos do Google para a região, afirmou também em um comunicado que o envolvimento do Google é uma tentativa de encontrar uma explicação pela invasão.
"Apesar de os mapas do Google terem uma altíssima qualidade e a companhia trabalhar constantemente para melhorar e atualizar as informações existentes, eles de nenhuma maneira podem ser tomados como referência no momento de decidir ações militares entre as duas nações" disse executivo.
Comentários
first_second 122p: (sic) "Até o exército tem iPhone, preciso de um".
@CMATEUSTECH: (sic) "Isso sim é um exercito trapalhão ... kkkkkkkkk"
beagle: (sic) "Nossa, ta ate parecendo aquele povo que busca trabalho na internet, trabalho pronto, e dai so imprime e nao ta correto e culpa o cara que fez o trabalho ainda!! haha credo, os caras se baseiam num mapa. Deviam fazer um estudo profundo, nota-se a competencia desse exercito. Capaz de levar uma invasao e nem perceber".
Marcio Rodrigues: (sic) "Já pensou se o GPS de mísseis nucleares utilizasse os mapas do Google. Mais foi uma atitude muito irresponsável dos comandantes desta missão".
Nas imagens do Google, o território nicaraguense se estende até as margens de um rio, enquanto os mapas oficiais dizem que a Costa Rica tem soberania nas duas margens do rio.
Em resposta ao ocorrido, o Google declarou em seu blog para a América Latina que "existe uma inexatidão na demarcação da fronteira entre Costa Rica e Nicarágua e está trabalhando para atualizar a informação" o quanto antes.
Daniel Helft, diretor de comunicação, políticas e assuntos públicos do Google para a região, afirmou também em um comunicado que o envolvimento do Google é uma tentativa de encontrar uma explicação pela invasão.
"Apesar de os mapas do Google terem uma altíssima qualidade e a companhia trabalhar constantemente para melhorar e atualizar as informações existentes, eles de nenhuma maneira podem ser tomados como referência no momento de decidir ações militares entre as duas nações" disse executivo.
Comentários
first_second 122p: (sic) "Até o exército tem iPhone, preciso de um".
@CMATEUSTECH: (sic) "Isso sim é um exercito trapalhão ... kkkkkkkkk"
beagle: (sic) "Nossa, ta ate parecendo aquele povo que busca trabalho na internet, trabalho pronto, e dai so imprime e nao ta correto e culpa o cara que fez o trabalho ainda!! haha credo, os caras se baseiam num mapa. Deviam fazer um estudo profundo, nota-se a competencia desse exercito. Capaz de levar uma invasao e nem perceber".
Marcio Rodrigues: (sic) "Já pensou se o GPS de mísseis nucleares utilizasse os mapas do Google. Mais foi uma atitude muito irresponsável dos comandantes desta missão".
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Alessandra Negrini & Nilton Bicudo
Hoje foi resolvido o cast definitivo para o projeto Tokyo-Show. Alessandra Negrini e Nilton Bicudo já mergulharam na idéia. O plano é gravar as cenas com eles em estúdio depois de terminar as capturas de imagens em alguns lugares com pontos de interesse para este projeto.
No cast foi também definido quatro pessoas de outras áreas para atuar no filme junto com os atores profissionais. Esses "não-atores" reforçam a idéia de simulação e simulacro conceitualizada por Jean Baudrillard e desta maneira aprofundam o cerne deste projeto.
No cast foi também definido quatro pessoas de outras áreas para atuar no filme junto com os atores profissionais. Esses "não-atores" reforçam a idéia de simulação e simulacro conceitualizada por Jean Baudrillard e desta maneira aprofundam o cerne deste projeto.
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